![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGP0Ff-zmFTxrc-ERh-eD3svsT8E1HipCZ5TS56TDn7PjtpfxC5B6l1ELFUpr_wDlvp0XIx2hMK7dWfsDlXmyjNI7XTYhPj9vt4FCHJibulBYPV02ACKJLp-mw1d1eJDiQuWjwQQKSCXUc/s320/%5BUNSET%5D.jpg)
“CADÊ A ÀFRICA?”
Ao falarmos de África, logo nos vem à idéia de um país, lugar de miséria, escravidão, etc, ou seja, só vemos adjetivos pejorativos. No entanto o que muita gente desconhece é que a África é um continente, onde temos riquezas salutares e que além do mais se tornou de primordial importância para história do Brasil.
Quando ouvimos termos como, Iorubás, haussás, bornos, baribas, podem soar estranhos aos nossos ouvidos e até sem relevância, mas estão altamente ligados a história brasileira. Na África elas são sinônimos de diferenças: cada uma delas designa um povo com língua e costumes diferentes. Povos que, durante o período de escravidão, deixaram forçosamente o continente africano para fincar raízes em solo brasileiro. "Povos diversos que foram se formando ao longo de milhares de anos. Múltiplos povos com culturas diferentes", explica o pesquisador Valdemir Zamparoni. Então percebe-se que são pessoas que de algum modo, contribuíram fortemente para moldar o país como o conhecemos atualmente.
Com a escravização, milhares de negros das mais variadas culturas acabaram se misturando e tiveram de conviver juntos, criando laços de comunicação e de socialização. A historiadora Marina de Mello e Souza, em seu artigo "Destino impresso na cor da pele", relata que "ao serem arrancados de suas aldeias e transportados pelo continente africano rumo às feiras regionais e aos portos costeiros, os escravos de diferentes etnias misturaram-se, aprenderam a se comunicar, criaram novos laços de sociabilidade que se consolidaram durante os horrores da travessia atlântica, e se institucionalizaram no seio da sociedade escravista colonial, à qual foram inseridos à força, acabando por encontrar formas de integração".
É de saber-se que milhares de negros vindos de várias partes da África aportaram em terras brasileiras - principalmente na Bahia e o maior número desses escravos pertencia a grupos do tronco lingüístico banto da África Centro-Ocidental, que inclui as regiões do Congo, Angola e Moçambique.
Se tanto no Brasil como em cada Estado africano percebemos diferenças culturais, porque muitos vêem a cultura africana como homogênea e têm a visão de uma só África e lugar de pobreza? Parte dessa visão equivocada é decorrente do próprio sistema educacional brasileiro, que ainda está engatinhando sobre os estudos sobre a África e os escravos que vieram para o Brasil. "Esse processo de exclusão da história africana da cultura nacional faz parte das políticas de desigualdades de classes produzidas pelo escravismo e pelo capitalismo racista", explica o pesquisador Cunha, em seu artigo "A inclusão da história africana no tempo dos parâmetros curriculares nacionais".
No entanto ao estudarmos mais afundo sobre a história da África, percebemos que há uma diversidade cultural muito grande e que neste continente desenvolveram-se diferentes povos com características diversas, e religiões diferentes também tiveram espaço na África, como é o caso do islamismo, cristianismo e as religiões tribais. Além disso, notamos as riquezas minerais do continente como o petróleo (achado por toda a costa e região marítima, igual o que acontece no Brasil), diamantes e ouro localizados por todo o continente Africano, podemos encontrar também desertos, grandes lagos, florestas tropicais e até rios que tornam muito férteis as suas margens, como é o caso do Nilo.
Em extensão, a África é o terceiro continente do mundo. Conforme as pesquisas mais atuais, ali surgiu a vida humana. Encontraram-se neste continente vestígios de presença humana que remontam a mais de um milhão de anos. Algumas culturas e religiões africanas, cujas tradições geraram cultos afro-brasileiros, nasceram há cinco mil anos e até hoje, orientam a vida de muitas pessoas e comunidades. No entanto, apesar de toda esta riqueza histórica e cultural, a África continua vítima de uma relação internacional iníqua.
Enfim, vale salientar que foram poucas as políticas de reparação após a Abolição da Escravatura, quanto ao escravo africano e após, ao afro-descendente, dentre elas quero citar aqui a lei 10.639/2003, que foi alterada para lei 11.645 de 10 de Março de 2008 que implanta nos currículos escolares a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. Podemos creditar isso como avanço, é lógico que ainda nota-se no Brasil muitas diferenças sociais de cunho econômico e político, mas é preciso entender que é necessário continuar as lutas para que se reconheça a importância desse continente tão desprezado e que faz parte da história do Brasil. Como a história que foi nos repassada nas escolas retratam com grande ênfase os feitos europeus, ai vai à pergunta, cadê a África, nessa história?...
* Sandro Ambrósio Alves, Professor de História da rede Estadual de Ensino em Rondonópolis-MT e membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus.
0 comentários:
Postar um comentário